História
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HISTÓRIA

 

A produção dos cobertores de papa está fortemente associada à história e vivências das comunidade serranas, ligadas às atividades pastoris e aos  rigores climáticos que caracterizam a Serra a Estrela. O cobertor de papa ao longo dos tempos, foi sendo produzido por uma comunidade e que a partir dele, fortaleceu a sua própria identidade.

 

A indústria têxtil surgiu nesta região ao aproveitamento da grande quantidade de lã rustica (churra e cruzada) existente nas zonas raianas, remonta ao reinado de D. Sancho II (1223 a 1248), contudo é no reinado de D. José (1750 a 1777), com o Marquês de Pombal, que esta se desenvolveu. Ao longo da história, a freguesia de Maçainhas, assim como as vizinhas freguesias de Vale da Estrela, Corujeira, Meios e Trinta, dedicaram-se intensamente à sua produção, fortalecendo uma produção local em regime de manufatura, com teares distribuídos pelas casas das famílias pelas diversas aldeias. Foi a partir dos meados do séc. XIX até aos meados do séc. XX que esta produção se foi industrializado.

 

As primeiras fábricas apareceram a partir dos anos 20, construídas junto ao rio Mondego para aproveitarem a força hídrica. Em maio de 1946 foi incrementada a luz elétrica e com a mudança das fábricas para Maçainhas mudaram também os pisões, que anteriormente se situavam na zona do caldeirão. Ao longo do tempo foram desaparecendo os teares domésticos, bem como as fábricas existentes na zona e em Maçainhas, resistindo apenas a fábrica do senhor José Freire, a empresa Jofrei, que herdou do seu pai, Artur Freire, em 1966 que encerrou em dezembro de 2012.

 

Devido ao encerramento das fábricas existentes na era pós-industrial e ao rápido envelhecimento da população, a produção do cobertor de papa sofreu um rápido declínio e encontra-se atualmente em risco de extinção. Na tentativa de salvaguardar esta arte, surgiram dois projetos que, procuraram manter a memória deste produto e das suas tradições, o Museu de Tecelagem dos Meios e a Escola Artes e Ofícios de Maçainhas.

 

O acervo do Museu de tecelagem, criado em 2006 através de uma parceria entre a Câmara Municipal da Guarda e o Instituto de Conservação da Natureza (ICN) é maioritariamente composto por materiais ligados à temática da pastorícia, transumância e aproveitamento da lã de ovelha. Um dos pisos do Museu é totalmente ocupado por teares usados no fabrico dos cobertores de papa. No entanto, apesar da importância do museu para manutenção da memória desta tradição, os produtos aí expostos são feitos industrialmente numa fábrica da região.

 

A Escola Artes e Ofícios de Maçainhas foi uma valência do Centro Social e Paroquial de Maçainhas criada em 2008, com o objetivo de preservar a tradição de produção artesanal. Todavia, em 2016, esta escola chegou ao fim e com ela uma parte da esperança de preservação desta arte ancestral.

 

Mas, apesar de todas as adversidades, persistiram pessoas interessadas e empenhadas em manter viva esta arte, a tradição e cultura de um povo. E foi assim que graças a um grupo de pessoas, entre as quais um grupo de artesãos do cobertor de papa, reformados ou no desemprego e algumas pessoas com sensibilidade e defensoras do artesanato, das tradições, cultura e história, surgiu a 15 de maio 2018, em Maçainhas, a Associação O Genuíno Cobertor de Papa (AGCP), a única unidade de produção, no país (e no mundo), do cobertor de papa segundo técnicas antigas deixadas como herança pelos nossos ancestrais. Maçainhas, graças a esta associação, assume, uma extrema importância na preservação da tradição de produção do cobertor de papa, pois, é hoje, o único lugar onde se continua a produzir o cobertor de papa artesanal.